Aquele que ama, devora! — [Poema]
O lábio carnudo,
quando toca o canudo,
e pela sucção faz o seu gemido,
leve e sustenido,
está as vésperas de ser chupado,
mordido.
O cabelo feito crina, me fascina.
Tomo entre as mãos a sua rédea,
dominando e domesticando a besta fera.
O cheiro no pescoço.
A língua tocando a orelha, conta sórdidas verdades.
Os dedos brincam sorridentes com os bicos dos seios,
neste parque de diversões que costumo chamar de corpo.
Espalha a tinta em mim.
Esculpe Vênus em meu rosto.
Delineia com o pincel.
Leva-me cativo ao altar.
Teu Hades.
Teu Céu.
Leonardo Dutra